Proibido Bicicletas

 Trabalho com internet no Itaim Bibi, São Paulo, e tenho o grande prazer de usar a bicicleta como meio de transporte diário, faça chuva ou faça sol.

Há coisa de 2 meses, mudamos de um prédio comercial na rua Tabapuã para outro na rua Joaquim Floriano. São poucos quarteirões de distância e até os restaurantes favoritos para o almoço ou happy hour continuam os mesmos, mas no que diz respeito à minha magrela, que novela…

Durante duas semanas, tudo mudou radicalmente. De uma situação onde tinha total apoio e compreensão no condomínio anterior, que cedia gratuitamente um disputado espaço em sua pequena garagem, passei por um período tumultuado de indefinições, até que a sentença foi proferida pelo atendente do estacionamento em meu novo endereço: “Cobraremos pelo estacionamento da bicicleta o mesmo valor cobrado para um carro”.

São R$ 30,00 por um período de 12 horas… Sim, você leu certo, são trinta reais. Detalhe: não existem paraciclos ou bicicletário, o local designado foi uma área usada para guardar tralhas no subsolo, onde não se pode estacionar carro.

A explicação para o despautério é, talvez, mais esdrúxula ainda: “Bicicletas são fáceis de se roubar e podem custar tanto quanto um carro, logo, seu seguro é muito caro”.

Apenas para constar, a bicicleta em questão é uma antiga Monark sem nenhum esquipamento caro ou sofisticado. Nem mesmo um sistema de marchas tem. Calculo que seu valor de mercado gire na casa dos R$ 600,00, ou seja, um mês de estacionamento paga o que custa a bike em si.

De fato, quando pedalo em meio a sedans e SUVs de dezenas ou centenas de milhares de reais, parados no rico e elitizado trânsito do Itaim Bibi, sinto como se minha magrela valesse seu peso em ouro… Será que era desse valor que o pessoal do estacionamento estava falando?

Vale acrescentar que busquei orientação jurídica com alguns amigos advogados e parece que tudo está absolutamente dentro da lei. Por se tratar de um espaço particular, a cobrança é legítima às vistas da justiça, embora nada justa às vistas dos homens.

Por fim, sabendo do ocorrido e incrédulos com a visão obtusa e irredutível da administradora do estacionamento em relação ao assunto, o pessoal da empresa liberou um espaço improvisado e temporário para eu deixar minha bike nas dependências do escritório e o síndico do condomínio viabilizou uma forma de eu usar o elevador para subir com ela.

Embora ainda passe certo desconforto ao entrar e sair com a magrela, tendo um máximo de cuidado para não esbarrar em portas e corredores que não foram dimensionados para ela, meu problema foi resolvido, mas minha indignação não acabou. Quero trazer o assunto para debate e expandir este caso em particular para a discussão sobre a mobilidade urbana como um todo. Gosto muito do meu carro e seu fantástico ar condicionado qdo seu uso é justificado, mas o vento no rosto e a praticidade da bike são igualmente valiosos para mim.

por Renato Lopez, 32 anos

Coordenador de Produtos no portal www.minhavida.com.br

 

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Esse post foi publicado em 2012. Bookmark o link permanente.

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