Olha a rua filho! Cuidado, o carro! Olha a esquina que perigo! Me dá a mão pra atravessar a rua! Não atravesse sozinho! Olhe para os dois lados sempre! Não pode ir sozinho na rua, é perigoso! Me dá a mão menino! Quem nunca ouviu estas frases que atire o primeiro semáforo de pedestre na minha cara. Já me incomodo com o tempo de travessia. Já dizia a galera do SampaPé e Minha Sampa que dá pra fazer um miojo enquanto espera pra atravessa a avenida…
Vivemos numa cidade caótica onde crianças não brincam nas ruas, idosos tropeçam em calçadas esburacadas, executivos entressados ao celular enquanto dirigem e quando cai a noite alguns em alta velocidade matam outros após algumas doses no bar.
Ontem Nina conheceu a Paulista Aberta pela primeira vez. Lá não tinha buraco no chão lisinho feito para os carros, também não tinha estressados ao celular em SUVs e bêbados acelerando.
Ontem tinha corda, adultos que nunca viu, crianças maiores e menores desconhecidas. Nina se enturmou num jogo de queimada organizado por um cara de uns 30 anos, se animou com Thais, menina ruiva de 10, brincou, pulou, pertenceu ao lugar onde brincava livre, sem medo do carro passar, a bola cair na rua e não poder correr pra pegar. Nina e todas as crianças livres, num som tranquilo de pessoas.
Nina é tímida, ora envergonhada, ora falante. Ontem se soltou um pouco mais, comeu Bike Burguer e depois tapioca. Brincou o dia todo. Nina foi criança na rua, na rua que um dia meus avós brincaram e hoje a rua foi devolvida, mesmo que das 9h as 17, mesmo com restrição, Nina e todos que ali estavam pertenciam juntos ao mesmo lugar.
Não era um clube, um lugar fechado, um parque com grades. Era a rua. A importância de ser uma rua é pensar nas possibilidades que ela traz. Uma diversidade de pessoas e atividades. Mostrar a rua pras crianças é dizer: A rua é sua, nossa. Lute, vá, acredite! Você Nina menina pode!
Crianças, se empoderem! A cidade é de vocês!

Pular Corda na rua 🙂

Avenida Paulista é nossa !

Brincar na faixa de pedestre ❤
Silvia Ballan, mãe,ciclista, bike anjo, bikerrepórter do Instituto CicloBR e colaboradora do Bike é Legal da Renata Falzoni, mãe de Nina, 7, Bia, 16, acredita na educação das crianças em espaços públicos, na rua, na troca … As crianças e adultos são capazes e possuem habilidades para descobrir problemas e solucioná-los de maneira consciente quando conhecem e vivem a cidade.
“Se queremos uma pessoa melhor, cuidamos da criança. Se queremos um cidadão, levamos os pequenos a viver a cidade”, afirma Silvia.
UM DOS NOSSOS OBJETIVOS: mostrar que mãe, filhos, mulher, familias inteiras podem pedalar pela cidade. Não é necessário usar roupas específicas ou ser atleta.